‘Caderno de campo é o resultado de um convite que fiz a sete trabalhadores da construção civil para desenhar, em cadernos, suas rotinas de trabalho no canteiro de obras durante um mês. A ideia me veio a partir da leitura do livro I swear I saw this [Juro que vi isso], do antropólogo australiano Michael Taussig. Nele, Taussig se pergunta se os desenhos e garatujas que realiza em seus próprios cadernos de campo têm valor etnográfico.’
Vânia Medeiros
‘O caderno de campo, de Vânia Medeiros, não é patrocinado por marketing de empresas da construção; ao contrário, é resultado, surpreendentemente, de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), iniciado por meio de denúncia do Sindicato da Construção Civil de Guarulhos e formalizado pelo Ministério Público do Trabalho.
Essa reparação sui generis está sendo conduzida pelo grupo Contracondutas, da Escola da Cidade, em parceria com o curso de História da Arte da Universidade Federal de São Paulo. O Contracondutas selecionou, por meio de edital, artistas interessados em propor obras que problematizassem as condições de trabalho em canteiro. Vânia Medeiros foi uma das selecionadas. O projeto, ao todo, conta com seis artistas e coletivos atuando na mesma temática, com projetos próprios, mas em diálogo, um site, com material de pesquisa e debate, envolvendo a Escola da Cidade, a Unifesp e colaboradores externos.’
Pedro Fiori Arantes